
Década da invasão britânica comandada pelos Beatles, da presença do primeiro homem na Lua, do surgimento do Clube da Esquina, dos Festivais de Música Popular Brasileira, da Jovem Guarda, da Tropicália e de Hélio Oiticica. Woodstock celebra a paz, o amor e a música, começam as primeiras transmissões de TV em cores, James Bond surge nos cinemas, Jânio Quadros renuncia. Morrem Marilyn Monroe, John F. Kennedy, Martin Luther King Jr. e Che Guevara. No Brasil de 1964, na virada de 31 de março para 1 de abril, um golpe militar derruba o Presidente João Goulart. Junto com o golpe encerrou-se a história do jornal que tinha a coragem de dizer, já em dezembro de 1962, que o Brasil estava "em marcha batida para o golpe". Jornais de diferentes estados do Brasil alinhados com o grupo golpista traziam as seguintes manchetes: "Povo e Governo superam a sublevação" (A Noite), "Estados já em rebelião contra JG" (Correio da Manhã), "S. Paulo adere a Minas e anuncia marcha ao Rio contra Goulart" (Jornal do Brasil), "Fabulosa demonstração de repulsa ao comunismo" (O Dia). Binômio não teve voz. Em 1963 o jornal trabalhava em um importante projeto de expansão: uma edição nacional.
O Binômio deixou de circular, com muitos outros companheiros nossos sendo presos e perseguidos. Terminava assim a fascinante aventura começada 12 anos antes, na qual o jornal se transformou de uma brincadeira de estudantes em uma publicação de projeção nacional, viveu momentos extremamente difíceis, sofreu pressões e violências de toda a ordem, mas jamais abriu mão de seus compromissos e de suas ideias (RABÊLO, 1997, p.63).
A década das rupturas cobriu o Brasil com o manto da ditadura por longos 21 anos. Zé Maria tinha certeza do golpe, mas não esperava pelo fechamento do jornal:
O golpe viria de qualquer maneira e o Binômio continuou denunciando os preparativos golpistas. E foi por isso que o Binômio foi depredado. A primeira providência deles foi ir ao jornal e intimar o jornal a não circular. Eles falavam em democracia, foi um golpe pela democracia, nós achávamos que teríamos muitas limitações, mas podendo circular (informação verbal).*
*Entrevista concedida ao autor na residência de José Maria Rabêlo em 25 de outubro de 2017, na cidade de Belo Horizonte.
REFERÊNCIA:
RABÊLO, José Maria. Binômio - edição histórica: O jornal que virou minas de cabeça para baixo. Belo Horizonte: Armazém de Ideias/Barlavento Grupo Editorial, 1997. 260 p.

Década de 1960

Em março de 2014, a Belotur lançou o guia “Memórias de Resistência – lugares de repressão e de luta contra a Ditadura Militar de 1964 a 1985, em Belo Horizonte”. A publicação conta com 27 lugares de memória na cidade, locais de repressão e resistência à ditadura militar de 1964-1985. O Binômio, precursor da imprensa alternativa e fechado pelo golpe, é parte dessa história.
Clique no link ao lado e faça download do seu guia de "Memórias de Resistência".







